Antes de começarmos, vos digo que este texto é um trecho de um pequeno livro que
estou escrevendo. Eu o escrevi a pouco tempo, e tudo que eu estava sentindo no
momento, eu ocultei dentre estas palavras. Espero que possam entender, pois o
que esse texto quer passar vai muito além das
palavras.
[...]
Sabe...
Eu morri. Morri quando me entreguei, morri
quando chorei, morri quando sofri, eu morri até quando ri. Morri, pois me
aproveitei das minucias que fizeram questão de me oferecer. Como provas, carrego
feridas em que apenas eu e os que me esfaquearam pode enxerga-las. Eu não sou
louco, eu morri mesmo. No dia seguinte, me encontrei deitado em frente a uma
porta em que jamais tinha visto; ela era diferente, pois na medida em que eu
queria abrir, ela se afastava de mim. Linda era aquela porta.
E era assim
todos os dias. Eu morria, e sem nenhuma razão, no crepúsculo eu acordava sempre
em frente à mesma porta onde minhas tentativas de abri-la eram sempre falhas.
Cansei! Que se dane essa porta.
Sabe...
Eu também tive a experiência de viver. Eu nunca gostei de viver, era
agonizante. Minhas pálpebras sempre se beijam quando me lembro das
circunstâncias em que esse tal de viver me fez passar.
Já está tarde, irei
morrer. Dessa vez não haverá volta, não haverá um despertar e não haverá uma
porta. Meu desejo final é saber o que essa porta ocultava de mim. Alguém
descubra, por favor. Não se esqueça de levar consigo a chave; era isso o que me
faltava, a chave.
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